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Advogados passam anos se dedicando à excelência técnica. Estudam teses complexas, acompanham mudanças legislativas e constroem argumentos sólidos para defender clientes em disputas decisivas. No entanto, muitos escritórios percebem que essa competência, por si só, não garante novos clientes. O problema não é a falta de qualidade, mas como a expertise é comunicada.

O choque entre pensar como advogado e pensar como comunicador

A formação jurídica treina profissionais para analisar riscos, detalhar argumentos e escrever de forma precisa e formal. Esse perfil é essencial para atuar em tribunais ou em negociações contratuais. Mas quando esse mesmo estilo é usado em artigos ou posts, o resultado pode afastar o leitor.

👉 Exemplo prático: um sócio escreve um artigo de 12 páginas sobre reforma tributária cheio de termos técnicos, citações doutrinárias e notas de rodapé. Para outro advogado, esse conteúdo é valioso. Para um diretor jurídico de empresa, pode soar inacessível. O público busca clareza sobre impactos práticos (como a mudança afetará sua operação) e não um parecer acadêmico.

O medo da exposição e a paralisia do marketing

Muitos advogados também evitam a exposição porque associam marketing à autopromoção exagerada ou à mercantilização. Isso gera insegurança e leva a uma espécie de paralisia: o escritório prefere não comunicar nada a arriscar críticas.

👉 Exemplo prático: um advogado evita postar no LinkedIn sobre um prêmio conquistado porque teme parecer “vaidoso”. O resultado é que o reconhecimento passa despercebido pelo mercado, quando poderia reforçar credibilidade e atrair novas oportunidades.

A falsa ideia de perda de tempo

Outro ponto comum é acreditar que investir tempo em marketing tira o foco do que realmente importa: atender clientes. No entanto, o tempo dedicado à comunicação pode render frutos valiosos, desde que feito com estratégia.

👉 Exemplo prático: uma sócia dedica algumas horas por mês para escrever artigos explicando mudanças regulatórias. Esse conteúdo, otimizado para SEO, gera visibilidade orgânica no Google e se torna referência para empresas do setor. Sem depender de anúncios pagos, o escritório passa a ser encontrado por potenciais clientes.

Como transformar conhecimento em reputação

A solução está em reposicionar o marketing. Não se trata de autopromoção, mas de serviço ao cliente e à sociedade. Explicar mudanças na legislação, comentar decisões relevantes ou participar de eventos como palestrante não é “vender”, mas compartilhar conhecimento de forma acessível.

👉 Exemplo prático: um advogado grava um breve vídeo explicando em linguagem simples como uma decisão do STF afeta empresas de tecnologia. Esse conteúdo é compartilhado em grupos corporativos e repercute muito mais do que um artigo técnico de dezenas de páginas.

O conhecimento jurídico é indispensável, mas sozinho não garante novos clientes. É preciso traduzir conhecimento em linguagem clara, adotar estratégias de inbound e outbound marketing dentro das regras da OAB e entender que comunicação é parte do exercício profissional. Não basta ser excelente, é preciso ser compreendido, lembrado e reconhecido.

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No mercado jurídico cada vez mais competitivo, os escritórios de advocacia precisam adotar estratégias eficazes para se destacar sem ultrapassar os limites éticos definidos pela OAB. Nesse cenário, duas abordagens de marketing ganham relevância: o inbound marketing e o outbound marketing. Embora diferentes, essas práticas podem se complementar e trazer benefícios significativos quando aplicadas de forma estratégica e responsável.

O inbound marketing no contexto jurídico

O inbound marketing, também chamado de marketing de atração, é baseado em atrair clientes de forma orgânica por meio da produção de conteúdo relevante. Para escritórios de advocacia, isso significa criar artigos para o site institucional sobre mudanças legislativas ou decisões de impacto, participar de webinars e podcasts que discutam tendências do setor jurídico, ou enviar newsletters periódicas com análises práticas de temas atuais.

O grande diferencial do inbound é que ele constrói autoridade no longo prazo. Um artigo otimizado para SEO pode continuar atraindo visitantes meses ou anos após a publicação. Essa estratégia ainda se alinha ao caráter educativo exigido pela OAB, já que não envolve linguagem promocional ou promessa de resultados, mas sim a difusão de conhecimento técnico de interesse público.

O outbound marketing aplicado com cautela

O outbound marketing, por outro lado, envolve ações ativas e direcionadas para alcançar potenciais clientes. Exemplos incluem campanhas segmentadas no Google Ads, anúncios patrocinados no LinkedIn ou contatos institucionais com empresas em setores estratégicos. No entanto, essas iniciativas precisam ser cuidadosamente planejadas para não violar as normas éticas da advocacia.

No contexto brasileiro, o outbound pode ser usado de forma ética para impulsionar conteúdos informativos que já foram produzidos pelo escritório, como artigos, análises ou convites para eventos institucionais. Esse formato respeita o caráter educativo da publicidade jurídica e evita a mercantilização. A vantagem do outbound é a rapidez nos resultados, já que permite alcançar decisores em pouco tempo. A desvantagem é a dependência de investimento contínuo, uma vez que a visibilidade tende a cair assim que a campanha é interrompida.

Como integrar inbound e outbound

A chave não está em escolher apenas uma das estratégias, mas em saber combiná-las. O inbound cria a base de credibilidade e reputação enquanto o outbound acelera o alcance e amplia a visibilidade junto a públicos específicos. Um escritório pode publicar um estudo sobre impactos da reforma tributária em determinado setor e em paralelo impulsionar esse conteúdo para gestores e diretores jurídicos de empresas desse segmento.

Essa integração aumenta as chances de gerar reconhecimento orgânico no longo prazo e oportunidades imediatas no curto prazo. Mais do que competir entre si inbound e outbound se complementam para construir uma presença digital sólida e estratégica.

Cuidados éticos fundamentais

A OAB por meio do Provimento 205 estabelece regras claras para a publicidade na advocacia. Isso significa que tanto inbound quanto outbound devem evitar práticas como menção a casos concretos linguagem apelativa promessa de resultados ou divulgação de honorários. O foco deve ser sempre na produção de conteúdo informativo que eduque o público e fortaleça a reputação do escritório como referência técnica.

Inbound e outbound marketing quando aplicados com planejamento e consoante a ética profissional são ferramentas valiosas para escritórios de advocacia. O inbound constrói autoridade, confiança e relevância orgânica, enquanto o outbound potencializa a exposição e acelera a geração de oportunidades. Quando usados juntos, esses dois caminhos permitem que os escritórios consolidem sua presença no mercado jurídico sem abdicar da seriedade e da credibilidade que a profissão exige.

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Ser reconhecido por diretórios como Chambers and Partners, Legal 500 ou Leaders League é uma conquista importante. O processo de submissão exige dedicação, organização de cases e coleta de depoimentos de clientes, mas a jornada não termina na divulgação do resultado do ranking. Na verdade, é a partir desse momento que o escritório precisa pensar estrategicamente em como transformar esse reconhecimento em reputação, novos negócios e fortalecimento da marca.

  1. Atualizar perfis e materiais de comunicação

O primeiro passo é incorporar o reconhecimento em todos os canais do escritório. Isso inclui perfis institucionais no site, páginas de advogados, apresentações corporativas, propostas e assinaturas de e-mail. Os diretórios funcionam como uma chancela externa de credibilidade para os escritórios e aumentam a confiança de quem pesquisa sobre a banca.

  1. Produzir e divulgar conteúdo sobre o reconhecimento

O ranking pode ser comunicado em posts no LinkedIn, newsletters e press releases. Mas é importante evitar a linguagem excessivamente promocional e adotar um tom informativo e sofisticado, destacando como o reconhecimento reflete a confiança dos clientes e a qualidade técnica da equipe.

  1. Valorizar os feedbacks dos clientes

Durante o processo de pesquisa dos diretórios, clientes são convidados a participar de entrevistas. Muitos desses relatos, quando positivos, podem ser publicados de forma anônima pelos próprios guias e utilizados como client reviews. Esse tipo de feedback é extremamente valioso, pois reforça a credibilidade do escritório com a voz de quem realmente importa, os clientes. Mais do que simples depoimentos, essas avaliações funcionam como prova social, fortalecendo a reputação institucional e ampliando a confiança de potenciais contratantes.

  1. Fortalecer a reputação online

Estar presente em diretórios jurídicos fortalece o SEO e amplia a visibilidade digital do escritório. Perfis otimizados, com palavras-chave adequadas, fotos profissionais e informações atualizadas aumentam a chance da banca aparecer em pesquisas no Google. Além disso, links de diretórios de alta credibilidade geram autoridade digital para o site.

  1. Usar o ranking para negócios e recrutamento

Além de atrair novos clientes, a presença em guias jurídicos contribui para a retenção de talentos e para atrair jovens advogados interessados em trabalhar em um escritório de referência. Internamente, também funciona como reconhecimento para as equipes envolvidas.

  1. Monitorar resultados e ROI

Por fim, é essencial acompanhar os resultados que os diretórios estão trazendo. Isso inclui monitorar acessos ao site vindos dessas plataformas, contatos recebidos e oportunidades geradas. Ferramentas como CRM e Google Analytics ajudam a medir esse impacto e guiar decisões sobre onde investir mais esforço no próximo ciclo de submissões.

A inclusão em um diretório jurídico não deve ser vista como um ponto de chegada, mas como o início de uma nova fase da estratégia de reputação. Ao transformar o reconhecimento em ação o escritório garante que a conquista vá além da comemoração e se converta em resultados concretos.

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Fonte: Mais que Direito

O dilema da publicidade na advocacia: avanços tímidos, retrocessos persistentes

Entre a proteção da ética e a necessidade de visibilidade, a publicidade jurídica no Brasil avança em meio a contradições que limitam a competitividade dos escritórios.

Recentemente, a OAB São Paulo divulgou decisão reforçando a vedação ao uso de casos concretos por advogados em qualquer tipo de publicidade ou comunicação, especialmente quando possam atingir grande amplitude, como postagens em redes sociais. A notícia causou surpresa no mercado, embora a proibição já esteja prevista no artigo 6º do Provimento n.º 205/2021, que veda expressamente a utilização de casos concretos para oferta de atuação profissional, sem, contudo, mencionar as redes sociais de forma direta.

A norma é clara ao priorizar a preservação do sigilo e da dignidade profissional, mas provoca questionamentos sobre sua aplicabilidade em um cenário no qual escritórios de advocacia precisam conciliar compliance ético com a sustentabilidade financeira. O mesmo provimento autoriza a utilização de anúncios pagos no Google Ads e o impulsionamento de postagens em redes sociais, o que gera certa dissonância. Se por um lado permite-se a veiculação de anúncios digitais, por outro impede-se que o escritório divulgue casos públicos e amplamente repercutidos pela mídia, mesmo quando não há quebra de sigilo.

Linha tênue

A medida visa evitar mercantilização da profissão e proteção de dados sensíveis, mas, na prática, cria insegurança sobre os limites do marketing jurídico.

Por que isso importa?

Porque a discussão sobre publicidade na advocacia envolve o equilíbrio entre inovação e ética profissional. De um lado, os advogados precisam se comunicar de forma transparente e sustentável no mercado; de outro, é essencial preservar o sigilo, a dignidade da profissão e a confiança pública. A forma como esses limites são definidos impacta diretamente a credibilidade da advocacia e a qualidade do serviço oferecido à sociedade.

Afinal, se um caso foi noticiado pela imprensa e está disponível em múltiplos canais, por que o escritório não poderia, com a devida cautela, compartilhar sua participação de forma objetiva? A linha que separa a publicidade informativa da captação de clientela é tênue e, quando mal definida, compromete a competitividade dos escritórios, que são, afinal, empresas e precisam gerar lucro para manter suas operações.

A questão da fiscalização amplia esse desafio. Como identificar e monitorar postagens potencialmente irregulares em um ambiente descentralizado e volátil como a internet? A dificuldade em rastrear conteúdos patrocinados tende a criar uma sensação de insegurança jurídica, em que escritórios menores evitam qualquer exposição por medo de sanção, enquanto outros, com maior estrutura, correm riscos calculados.

Um case

Um paralelo com a experiência norte-americana evidencia a defasagem do cenário brasileiro. Desde a decisão histórica do caso Bates v. State Bar of Arizona, em 1977, a Suprema Corte dos EUA reconheceu que a proibição total de publicidade por advogados feria a liberdade de expressão e o direito da sociedade à informação. Hoje, as regras americanas seguem a lógica de que a comunicação deve ser verdadeira e não enganosa, cabendo ao Estado restringir apenas práticas enganosas ou antiéticas. A American Bar Association (ABA) estabelece parâmetros claros para a publicidade que deve ser honesta, não induzir em erro e respeitar a confidencialidade, mas não há proibição genérica ao uso de casos públicos.

Para quem isso interessa?

Além de advogados, escritórios, departamentos jurídicos e reguladores, interessa à sociedade em geral. Isso porque conhecer a atuação dos escritórios de advocacia é importante para que cidadãos e empresas possam identificar com clareza quais serviços são prestados, avaliar a especialização de cada profissional e tomar decisões conscientes sobre quem contratar. Em última instância, trata-se de garantir acesso à informação confiável e fortalecer a relação de confiança entre sociedade e advocacia.

Diante dessa comparação, percebe-se que o Brasil ainda caminha a passos lentos na modernização das regras de publicidade para a advocacia. A preocupação com a ética é legítima, mas o excesso de restrições gera um efeito contrário ao pretendido, sufocando a competitividade dos escritórios e distanciando o mercado jurídico da realidade empresarial contemporânea.

Paradoxo

É urgente uma reflexão sobre a atualização do Código de Ética e do Provimento n.º 205/2021. O debate deve avançar para permitir uma comunicação mais transparente e alinhada às expectativas da sociedade digital, sem abdicar da preservação do sigilo profissional.

O desafio está em estabelecer critérios objetivos que autorizem a divulgação de casos públicos, com a devida autorização dos clientes quando necessário, e que coíbam apenas a exposição sensacionalista ou enganosa.

Enquanto isso não ocorre, o mercado jurídico brasileiro permanece preso a um paradoxo: permite-se o investimento em anúncios pagos para gerar visibilidade, mas veda-se o compartilhamento de conquistas profissionais, mesmo quando estas já são de domínio público. Assim, parece que a cada passo dado em direção ao avanço, vários outros nos empurram para trás.

A comparação com a regulamentação norte-americana demonstra que é possível equilibrar ética e competitividade por meio de regras claras e de fácil fiscalização. Em um ambiente digital cada vez mais complexo, insistir em proibições genéricas, como a vedação ao uso de casos concretos em redes sociais, é ineficaz e contraproducente. A advocacia brasileira precisa de uma atualização real, capaz de transformar a publicidade jurídica em uma ferramenta ética de valorização profissional, e não em um terreno minado de inseguranças.