Por Marcio Presgrave Souto
Em tempos de discussão sobre linguagem neutra (assunto polêmico sobre o qual prefiro me abster em opinar), uma coisa é inquestionável: o uso correto da pontuação é fundamental para o entendimento de um texto. Quanto a isso, não há contestação.
Enquanto na língua falada o argumento de que “o que interessa é se fazer entender”, pode até ser válido (há controvérsias…), por escrito a coisa não é tão simples.
Tome como exemplo a seguinte frase, sem pontuação alguma fora o ponto final:
“Ensino pontuação ao meu filho não ao meu vizinho jamais será ensinado o pobre nada ensino aos ricos.”
Você pode compreender o que eu quis dizer, sem a pontuação? Acho difícil.
Veja como, dependendo da pontuação utilizada, a mensagem muda completamente:
“Ensino pontuação. Ao meu filho? Não! Ao meu vizinho? Jamais será ensinado. O pobre? Nada! Ensino aos ricos.”
Ou:
“Ensino pontuação ao meu filho. Não ao meu vizinho? Jamais será. Ensinado o pobre, nada ensino aos ricos.”
Ou talvez:
“Ensino pontuação ao meu filho? Não. Ao meu vizinho, jamais. Será ensinado o pobre? Nada! Ensino aos ricos.”
Ou ainda:
“Ensino pontuação. Ao meu filho, não. Ao meu vizinho. Jamais será ensinado o pobre. Nada ensino aos ricos.”
E daí por diante. As possibilidades de pontuação são inúmeras, assim como os significados que podem dar à frase. A intenção original era dizer:
“Ensino pontuação ao meu filho. Não ao meu vizinho, jamais. Será ensinado o pobre. Nada ensino ao rico.”
Portanto, se para você é frescura saber escrever “direito”, porque a língua é viva (sim, ela é!), está sempre mudando (sim, ela está) e o que importa é que a comunicação entre as pessoas seja clara, não se esqueça de que, ao se expressar por escrito, pelo menos saber pontuar você deve. Caso contrário, sinto informar, corre o sério risco de não se fazer entender…